Explicando um pouco mais sobre os 7 infernos na vertente oriental... lembrando que todos os infernos, nada mais são que estados de consciência de um indivíduo unido a um grupo coletivo. Para quem faz as práticas internas, descrevo e ensino de forma mais aberta e menos mística, para que as práticas dissolvam o medo e deem lugar a realização de um estado mais próximo a paz. Como podem observar, mesmo nos reinos mencionados como "sutis", estão atados ao tempo e espaço, ou seja, são perecíveis.
Os "sete infernos" são uma concepção do budismo e hinduísmo, apesar que podemos também atribuir, de outras maneiras, a diversas tradições, encontrada principalmente em textos religiosos e filosóficos antigos. Embora existam variações na descrição desses infernos entre diferentes tradições orientais, vou fornecer uma visão geral com base nas crenças comuns.
Naraka: Também conhecido como "Narakas", é o inferno budista. Naraka é geralmente representado como um reino subterrâneo cheio de tormento e sofrimento. Existem várias subdivisões ou níveis de Naraka, cada um com diferentes punições específicas para os seres que cometeram ações negativas durante a vida. Cada um com suas próprias características e tormentos específicos. Alguns exemplos de punições descritas incluem fogo, gelo, fome extrema, sede insaciável, tortura física e mental, entre outros. A duração do tempo que um ser permanece em Naraka varia de acordo com a gravidade de seus atos negativos ou estado de consciência.
Preta-loka: É o reino dos Pretas, ou "espíritos famintos" no budismo. Os Pretas são seres que estão presos em um estado de fome extrema e desejo insaciável. Eles são incapazes de encontrar alimento ou satisfação, simbolizando uma existência de privação e carência. Os Pretas são frequentemente descritos como seres com corpos magros, com fome constante e gargantas estreitas que não conseguem engolir a comida necessária para satisfazer sua fome. Eles são incapazes de encontrar alimento adequado e estão presos em um estado de privação e insatisfação.
Animal-loka: Este reino é habitado por animais. Embora não seja considerado um inferno no sentido estrito, é considerado um estado inferior de existência, onde os seres estão sujeitos a instintos e limitações animais. Eles experimentam um estado de consciência limitada e são governados por seus desejos e necessidades básicas. Embora não seja considerado um inferno, é considerado um reino inferior devido à sua incapacidade de buscar a iluminação espiritual.
Asura-loka: Os Asuras são seres que possuem poderes sobre-humanos, mas estão presos em um estado de inveja, luta e desejo por poder (muitos acabam se tornando magos ou alquimistas que mexem de forma equivocada com energia, machucando as pessoas e criando ainda mais, problemas para si mesmos). O reino dos Asuras é frequentemente descrito como um reino de guerra constante e conflitos. O reino dos Asuras é marcado por uma atmosfera de guerra constante e conflito. Eles estão perpetuamente em competição e enfrentam dificuldades devido à sua natureza ciumenta e egoísta.
Manushya-loka: Este é o reino dos seres humanos. Embora não seja um inferno em si, é considerado um estado intermediário, onde os seres têm a oportunidade de alcançar a iluminação espiritual e se libertar do ciclo de renascimentos. Os seres humanos têm a oportunidade de alcançar a iluminação espiritual e se libertar do ciclo de renascimentos. Os humanos têm a capacidade de tomar decisões conscientes e têm uma gama mais ampla de escolhas e possibilidades em comparação com os outros reinos, podendo dessa forma, buscar um equilíbrio entre estados densos e sutis (terra e céu no conceito mais simples).
Deva-loka: Os Devas são seres celestiais e divinos, que habitam um reino celestial conhecido como Deva-loka. Embora seja considerado um reino de prazer e felicidade, os Devas também estão sujeitos ao ciclo de renascimentos e não alcançaram a liberação final. Os Devas desfrutam de uma forma elevada de felicidade e prazer, pois possuem corpos divinos e vivem em ambientes paradisíacos. No entanto, eles ainda estão sujeitos ao ciclo de renascimentos e não alcançaram a liberação final do samsara, estando sujeitos aos ciclos.
Brahma-loka: É o mais alto reino no sistema de cosmologia budista/hindu. Brahma-loka é habitado por seres divinos chamados Brahma, que possuem uma existência muito longa e desfrutam de uma forma elevada de felicidade e tranquilidade. No entanto, os Brahmas também estão sujeitos ao samsara, o ciclo de renascimentos. Os Brahmas são seres que possuem uma existência muito longa e desfrutam de uma forma suprema de felicidade e tranquilidade. No entanto, assim como os outros reinos, eles também estão sujeitos ao samsara e ainda não alcançaram a liberação final.
É importante ressaltar que essas descrições podem variar nas diferentes tradições e interpretações do budismo e hinduísmo. Além disso, esses reinos não são considerados eternos, pois todas as existências dentro do samsara são consideradas impermanentes, sujeitas a renascimentos repetidos até que a liberação final seja alcançada.
Para quem gosta do taoísmo, a visão sobre a vida após a morte e os infernos difere significativamente em comparação com o budismo e o hinduísmo. O taoismo se concentra mais na busca da harmonia e da conexão com o Tao, o princípio universal que governa tudo. Os infernos são descritos como estados de consciência que nos colocam a prova quanto a nossa forma de se comportar, seja no mundo físico ou qualquer outra dimensão.
Embora o taoismo não tenha uma concepção tão elaborada dos infernos como o budismo, há algumas crenças relacionadas à vida após a morte. No taoismo, acredita-se que, após a morte, a alma humana se separa do corpo e segue em direção a um estado de existência pós-morte.
Em algumas vertentes do taoismo, é acreditado que as almas dos falecidos passam por um período de julgamento. Nesse período, as almas são avaliadas com base em suas ações, comportamento e karma (ação) acumulado durante a vida. Dependendo desses julgamentos, as almas podem seguir diferentes caminhos após a morte.
Uma crença comum é a existência de diferentes níveis ou camadas espirituais após a morte. Essas camadas podem variar em termos de pureza e vibração espiritual. Além disso, também se acredita que existam divindades e guardiões nesses níveis espirituais que supervisionam e orientam as almas.
No entanto, é importante destacar que a ênfase do taoismo está na vida terrena e na busca de uma vida equilibrada e harmoniosa, para que possamos sair dos estados de apego ou identificação com os reinos, sejam inferiores ou superiores no conceito de bom e mal. O taoismo enfatiza a prática do cultivo interno, da meditação e do alinhamento com o Tao (caminho) durante a vida, em vez de se concentrar demasiadamente na vida após a morte.
Em resumo, enquanto o taoismo tem crenças relacionadas à vida após a morte, não possui uma concepção tão elaborada dos infernos como o budismo e o hinduísmo, e a ênfase principal está na busca da harmonia e da conexão com o Tao nesta existência terrena.
No budismo, em geral quanto as ramificações das tradições, acredita-se que após a morte, a alma passa por um processo de transição conhecido como Bardo, que é um estado intermediário entre a morte e o renascimento. Durante esse período, a alma é considerada em um estado de confusão e incerteza, onde experiências e visões variadas são vivenciadas. A ênfase está em trabalhar para alcançar a liberação do ciclo de renascimentos, conhecido como samsara, através do caminho espiritual. O objetivo final é atingir a iluminação, alcançar a paz interior e a libertação do sofrimento.
A saída dos infernos e a libertação do ciclo de renascimentos no samsara são alcançadas através do caminho do despertar espiritual. Existem várias práticas e ensinamentos que podem ajudar os seres a saírem dos infernos e alcançarem a liberação. Aqui estão algumas abordagens comumente seguidas:
Prática do Karma Positivo: A prática de acumular karma positivo é essencial para superar os infernos. Isso envolve seguir os preceitos éticos, como evitar matar, roubar, mentir, envolver-se em conduta sexual prejudicial e consumir substâncias intoxicantes. Praticar ações altruístas, como ser generoso, compassivo e amoroso, também contribui para acumular karma positivo.
Desenvolvimento de Sabedoria e Compreensão: O cultivo da sabedoria é crucial para sair dos infernos. Isso envolve o estudo dos ensinamentos, a reflexão sobre a natureza impermanente e insatisfatória da existência e o desenvolvimento de uma compreensão profunda do carma e do sofrimento. A sabedoria ajuda a romper com padrões negativos de pensamento e comportamento, permitindo uma transformação espiritual.
Prática da Meditação: A meditação é uma parte fundamental da prática. Ela permite cultivar a atenção plena e o insight, acalmar a mente e desenvolver uma visão clara da realidade. Através da meditação, é possível transcender os estados mentais negativos e alcançar uma consciência mais elevada, que é fundamental para sair dos infernos.
Refúgio nos Três Tesouros: Buscar refúgio nos Três Tesouros - o Buda (o despertado, e isso independe de rótulos), o Dharma (missão de alma, os ensinamentos) e a Sangha (a comunidade espiritual afim do mesmo cultivo). Ao confiar nesses tesouros e buscar orientação espiritual, os praticantes podem encontrar apoio para superar os estados infernais e avançar em direção à iluminação.
Desenvolvimento da Compaixão: A compaixão é uma virtude fundamental. Ao desenvolver a compaixão por todos os seres sencientes que estão presos nos ciclos de sofrimento, os praticantes geram méritos e criam condições favoráveis para sua própria liberação. A prática de realizar atos compassivos e dedicar méritos para o benefício de todos os seres é uma forma de cultivar a compaixão.
É importante ressaltar que sair dos infernos e alcançar a liberação espiritual é um processo gradual que requer prática diligente, compromisso e transformação pessoal. O caminho visa levar os seres ao despertar completo e à libertação do samsara, proporcionando-lhes a oportunidade de transcender os infernos e atingir o estado de paz e liberdade definitivos.
Paz e Luz!
Terry